Impacto do envelhecimento nas fibras musculares tipo 2

O envelhecimento é um processo natural que, ao longo do tempo, frequentemente resulta na perda de massa muscular, especialmente nas fibras de contração rápida do tipo II. 

Essas fibras são responsáveis por atividades explosivas e de alta intensidade, como sprints e saltos. 

Com a idade, ocorre uma diminuição na quantidade e na funcionalidade dessas fibras, o que pode levar a uma redução significativa na força, velocidade e resistência. 

Sarcopenia

Essa diminuição está associada a reduções na força muscular e na capacidade de desenvolvimento da força, geralmente causada pelo remodelamento das unidades motoras e pela denervação, onde o músculo perde a inervação devido a lesões ou outros distúrbios. 

Nesse contexto, o exercício físico é amplamente reconhecido como uma estratégia terapêutica eficaz para combater essa perda. 

O estudo recente da Dra. Tiril Tøien, do Departamento de Saúde e Ciências Sociais da Molde University College, na Noruega, investiga como o treinamento resistido pode preservar a saúde muscular em idosos.

Objetivo do estudo

O principal objetivo do estudo foi comparar a distribuição das fibras musculares, o agrupamento de fibras e a prevalência de fibras atróficas em atletas masters que praticam treinamento resistido com aqueles que se dedicam a exercícios aeróbicos, além de idosos ativos. 

O foco era entender como esses diferentes tipos de treinamento influenciam a morfologia muscular e a presença de fibras atróficas, que são aquelas com tamanho reduzido (menores que 1494 μm²).

Metodologia

O estudo recrutou 10 atletas masters, com idade média de 73 anos, especializados em treinamento resistido, incluindo levantadores de peso, fisiculturistas e outros praticantes de musculação. 

Também foram recrutados 8 atletas masters com idade média de 72 anos, que competem em provas de longa duração (≥ 3.000 metros), como corridas de rua e pista. 

As análises incluíram biópsias musculares do quadríceps (vasto lateral), juntamente com medidas de força máxima em exercícios como o “Leg press” (1RM) e cálculos da taxa de desenvolvimento de força.

Impacto do envelhecimento nas fibras musculares tipo 2

Principais Descobertas

Preservação das Fibras Tipo II

Os resultados revelaram que os atletas masters que se dedicaram ao treinamento resistido ao longo da vida demonstraram uma distribuição de fibras do tipo II e um agrupamento de fibras que eram comparáveis aos jovens ativos (com menos de 30 anos). 

Além disso, não foram observadas fibras atróficas nesse grupo, o que sugere uma preservação significativa da saúde muscular.

Alterações nas fibras em treinamento aeróbico

Em contraste, os atletas masters que se dedicaram predominantemente a exercícios aeróbicos e os idosos ativos mostraram uma maior proporção de fibras do tipo I, agrupamento acentuado dessas fibras e uma quantidade significativa de fibras atróficas. 

Essa alteração está relacionada à perda de massa muscular e força, impactando diretamente a capacidade funcional.

Implicações para a saúde muscular

Os resultados indicam que o treinamento resistido com pesos pode, de fato, preservar as fibras do tipo II, a força e a massa muscular com o avanço da idade em homens. 

Essa preservação é provavelmente resultado do uso crônico da alta força contrátil gerada pelo treinamento resistido, que favorece a integridade muscular.

Relevância acadêmica

O estudo de Tøien (2023) é uma contribuição valiosa para a compreensão do envelhecimento e suas implicações nas fibras musculares, ampliando o conhecimento sobre como diferentes tipos de treinamento podem influenciar a saúde muscular em idosos. 

A pesquisa fornece uma base científica sólida para o desenvolvimento de programas de exercícios voltados para essa população, visando melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade.

Impacto social

Além da relevância acadêmica, as descobertas têm implicações significativas para a saúde pública. 

O estudo promove o treinamento resistido como uma abordagem terapêutica essencial para a manutenção da saúde e da funcionalidade em idosos, ajudando a prevenir problemas relacionados à perda muscular, que pode levar a quedas e outras complicações.

Benefícios da musculação para idosos

Aumento da massa muscular

A prática regular de musculação pode aumentar a massa muscular, combatendo a sarcopenia.

Melhora da força

O treinamento de resistência melhora significativamente a força muscular, promovendo melhor funcionalidade e independência.

Saúde metabólica

A musculação também contribui para a melhora da sensibilidade à insulina e controle do peso, reduzindo o risco de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2.

Qualidade de vida

Idosos que praticam musculação regularmente relatam uma melhor qualidade de vida, com menos dores e maior capacidade para realizar tarefas cotidianas.

Prevenção de quedas

O aumento da força e estabilidade muscular ajuda a prevenir quedas, que são uma causa comum de lesões graves em idosos.

Recomendações práticas

O estudo sugere que os idosos incluam exercícios de resistência em sua rotina semanal, combinando-os com exercícios aeróbicos para obter os melhores resultados. 

A orientação de um profissional de educação física é fundamental para garantir a execução correta dos exercícios e evitar lesões.

Conclusão

O estudo de Tøien (2023) demonstra que o treinamento resistido é crucial para preservar a saúde muscular em homens idosos, mantendo a força e a funcionalidade ao longo da vida. 

Incorporar exercícios de resistência na rotina de treinamento deve ser uma prioridade para promover um envelhecimento saudável e ativo.

Saiba mais sobre como a musculação pode transformar a saúde na terceira idade. Consulte um profissional e comece a sua jornada para um envelhecimento saudável!

Veja também:

Como reverter a perda muscular na velhice.